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Sociedade - Os radares, o trânsito e o civismo

Daniela Filipe Bento Daniela Filipe Bento Seguir 29 de julho de 2010 · 4 mins read
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Hoje, reparei numa notícia no jornal “O Público”, intitulada “Maioria dos radares em Lisboa só serve para assustar” (José António Cerejo) e, achei que deveria ser um tema interessante para escrever aqui um pouco.

Lembro-me, de há alguns anos atrás se falar consistentemente nos famosos radares que, actualmente, tanto conhecemos em Lisboa. Falava-se da inovação, do controlo, da multa e acima de tudo, na complexidade de um sistema que permitira às ruas de Lisboa serem, francamente, mais seguras. Lembro-me de se falar em investimentos em grandes volumes (alguma pesquisa pela Internet, facilmente se encontra o histórico de notícias) e, também, de se falar do receio que as pessoas começariam a ter ao andar na estrada.

Falou-se sempre de muita coisa, mas nunca se falou no essencial… ou pelo menos aquilo que eu acho que seja essencial. Prevenção! Sim, prevenção. É um facto, os condutores portugueses cometem muitas lacunas na estrada (incluindo eu), mas também é real que pouco ou nada se investe na prevenção rodoviária. A forma como os condutores são educados na estrada é essencialmente aquilo que decide o futuro dos mesmos a conduzir.

Actualmente, conduzir não é um luxo (como era há alguns anos atrás), é uma necessidade para muitos. A sociedade evolui e tal como ela os hábitos diários de cada um. Porque não tratar do civismo rodoviário como qualquer outra vertente educacional? Não sairia mais barato? (Se tratarmos de custos). Existe uma ideia, talvez demasiado enraizada, na culpabilização dos limites de velocidade na perturbação do trânsito. Não é algo, de todo, errado, mas também, não penso que seja completamente correcto.

Dificilmente acredito quando alguém diz “Eu nunca desrespeito os limites de velocidade”. Talvez até haja alguém, mas a condução não simplesmente limites de velocidade, sinais de bola vermelha com um número negro no seu interior, esta é apenas uma questão, entre muitas. Não querendo pegar, por agora, noutras situações não relacionadas com velocidade, acho que há algo que ainda não vi ninguém se lembrar. Os limites Mínimos!

Os limites Mínimos:

Diz o código da estrada o seguinte (não é transcrição literal, dado que, não consegui extrair dados da ANSR):

“É proibido circular a uma velocidade tão lenta que cause embaraços injustificados aos demais utentes da via pública. Isto sem prejuízo dos limites máximos legalmente fixados.”

“Nas auto-estradas, a velocidade mínima autorizada é de 50 km/h, salvo em situações excepcionais, se existir sinalização em contrário.”

Ora, a verdade é que, tal como os máximos, os mínimos também devem ser considerados. É frequente, dentro das localidades haver embaraço de trânsito devido a estas situações. Mais grave, por exemplo, acontece em Auto-Estradas, onde maioritariamente é esquecida a alínea, no Código da Estrada, que refere “Os condutores devem sempre circular na via mais à direita, excepto situações de ultrapassagem, que deve ser efectuada pela esquerda”. Quantos e quantos condutores, conduzem diariamente, a uma velocidade “dentro dos limites legais da lei”, mas na faixa central, perturbando o fluxo de trânsito? Quantos condutores, ao entrarem na Auto-Estrada, não usam a via de aceleração, para ganhar velocidade e acompanhar o trânsito, mas sim para reduzir e reagir como se de um STOP se tratasse?

Inúmeras situações

Desde piscas (não é também importante?), faróis desligados, ultrapassagens mal calculadas, condutores em sentido contrário, desrespeito pelas vias de trânsito único, estacionamento em plena faixa de rodagem, rotundas mal executadas, telemóveis (comida também)… um conjunto de situações que, também afectam o nosso dia a dia na estrada.

Prevenção

Voltando a esta palavra, não seria mais fácil educar os jovens, os futuros condutores, para a condução cuidada? Alertar para as situações perigosas, situações de cuidado e precaução. O civismo, em que situação for, não se aprende apenas com restrições e proibições. Na minha opinião, o mal não está nos radares, no facto de não haver dinheiro para os manter ou até mesmo nas situações pontuais em que o limite de velocidade é quebrado e não há registo. O mal está em toda uma educação rodoviária que, é inexistente.  O abuso, excessivo, da buzina, é um sinal claro da falta de educação entre condutores. Quantas vezes “levamos uma buzinadela” por cometermos um erro, insignificante? Porque não são as pessoas mais compreensíveis na estrada? Porque não são “simpáticas” umas com as outras? (Por exemplo, facilitar nas situações de manobra)…

Não são, nem nunca serão… apenas os limites de velocidade “Máximos”.

Apenas uma opinião de um condutor, que usa em pleno os transportes públicos também,

Daniel Bento

Daniela Filipe Bento

Escrito por Daniela Filipe Bento Seguir

escreve sobre género, sexualidade, saúde mental e justiça social, activista anarco/transfeminista radical, engenheira de software e astrofísica e astronoma