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Ser trabalhador-estudante

Daniela Filipe Bento Daniela Filipe Bento Seguir 29 de maio de 2012 · 2 mins read
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Com o actual cenário económico é frequente haver a necessidade, por parte dos estudantes, de procurar algum trabalho para compensar as despesas diárias na escola. Li um artigo, há uns dias, no jornal P3 - Público, que abordava este mesmo assunto “Ser trabalhador-estudante é possível? Em Londres sim”. Decidi que seria uma boa ideia dar o meu testemunho como trabalhador-estudante.

Análise Numérica

Ser trabalhador-estudante em Portugal não é simples, é verdade, mas é possível. Já passei por diversas experiências profissionais enquanto mantive os estudos. Estagiário, trabalho a recibos verdes, trabalhar em casa, ter um contrato normal… Quase sempre estive em empregos de horário completo (8-9h dia), em poucos estive com horário parcial (menos de 4h dia).

Sou estudante de Física na Faculdade de Ciências e mantenho um trabalho complexo, o de programador informático. Apesar da dificuldade da conjunção das duas, é fazível, mas é necessário muito esforço e dedicação. É preciso querer e é preciso fazer algum sacrifício. Ainda assim, consigo ter tempo para o café com os amigos, para fazer fotografia e fazer muitas mais coisas. É preciso saber gerir o tempo.

Os trabalhadores-estudantes são, na sua franca maioria, mal estimados pelos professores em Portugal. Muitas vezes são considerados os alunos de maior taxa de insucesso e aqueles em que não vale a pena investir no seu futuro como aluno. Por outro lado, isto é, no emprego, muitas vezes é preciso ter sorte e eu tenho-me sentido com alguma. O trabalho que faço compensa as ausências que posso necessitar para as aulas/exames. Muitas vezes, esta consolidação só é possível após algum investimento inicial e que depois deve ser mantido para que as coisas corram bem e para que, tanto da parte da escola, como da empresa, não exista um desinvestimento em nós.

Não podemos ser aquele aluno que simplesmente não quer saber das aulas, porque, como trabalha, está no seu direito às faltas. Não podemos ser aquele empregado que, tendo o estatuto de trabalhador-estudante, que lhe confere (alguma) assistência legal, usa isso como meio de não cumprir na totalidade os objectivos enquanto trabalhador. É preciso um esforço redobrado, é preciso ter energia em duas partes distintas da vida, a Escola e o Trabalho.

É preciso sobretudo… paixão, mas se é possível ser trabalhador-estudante? Em Portugal sim!

Daniel Bento

Daniela Filipe Bento

Escrito por Daniela Filipe Bento Seguir

escreve sobre género, sexualidade, saúde mental e justiça social, activista anarco/transfeminista radical, engenheira de software e astrofísica e astronoma