LEITURA,

Leitura - O Processo

Daniela Filipe Bento Daniela Filipe Bento Seguir 23 de abril de 2015 · 1 min read
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”- A sua pergunta, Senhor Juiz de Instrução, a inquirir se sou pintor de prédios… aliás, o senhor não me perguntou nada, atirou-me essa declaração… é reveladora do conjunto do processo intentado contra mim. Pode objectar que não se trata de modo nenhum de um processo judicial, e tem inteiramente razão, porque não se trata de um processo judicial, salvo se eu lhe reconhecer essa qualidade. Ora, reconheço-a neste instante, por compaixão, por assim dizer.(…)” - Joseph K. em O Processo.

O Processo é a minha segunda obra de introdução ao mundo kafkiano. Em resumo, Joseph K. é conduzido através de um processo judicial desprovido de qualquer explicação. K. é um bancário astuto e inteligente que se vê rapidamente nas teias de um sistema social opressor e burocrático. Simultaneamente vê-se envolvido com uma série de outras personagens, também elas, confusas e absurdas.

Falar da obra de Kafka é sinónimo de construir alegorias complexas sobre a sociedade. Porém, publicado em 1925 - após a morte do autor - O Processo é um exemplo de uma imagem social que vale a pena reflectir - passados quase 100 anos as dificuldades de um estado de direito ainda são bastante concretas. As várias personagens da obra personificam um sistema social disfuncional, incapaz de se preservar face às influências, ao poder e ao domínio.

Lembrar da existência de obras distantes no tempo é coexistir com um presente que já foi retratado e vivido. É impossível viajar no tempo com tanta fieldade e minuncia. Com isto, acredito que é importante trazer importantes lições para cima da mesa e que o debate social sempre esteve e sempre estará na ordem do dia.

Boas leituras,

Dani Bento

Daniela Filipe Bento
Escrito por Daniela Filipe Bento Seguir
escreve sobre género, sexualidade, saúde mental e justiça social, activista anarco/transfeminista radical, engenheira de software e astrofísica e astronoma